A REDE URBANA BRASILEIRA
A rede urbana brasileira, no presente estudo, está estruturada em duas dimensões: a hierarquia dos centros urbanos, dividida em cinco níveis; e as regiões de influências, identificadas pela ligação das Cidades de menor para as de maior hierarquia urbana. O elo final de cada rede são as Metrópoles, para onde convergem as vinculações de todas as Cidades presentes no Território Nacional.
A unidade urbana de análise e exposição dos resultados da pesquisa Regiões de Influência das Cidades – Regic é o conjunto formado por Municípios e Arranjos Populacionais[1]. Isto se deve ao fato de que a unidade funcional Cidade, objeto do atual estudo, pode vir a ser composta não apenas por um, mas por vários Municípios que são indissociáveis como unidade urbana. Trata-se de Municípios conurbados ou que possuem forte movimento pendular para estudo e trabalho, com tamanha integração que justifica considerá-los como um único nó da rede urbana (ver seção Notas técnicas). Desse modo, as Cidades brasileiras foram classificadas, hierarquicamente, a partir das funções de gestão que exercem sobre outras Cidades, considerando tanto seu papel de comando em atividades empresariais quanto de gestão pública, e, ainda, em função da sua atratividade para suprir bens e serviços para outras Cidades. O alcance desse comando e atratividade no território corresponde à delimitação de sua área de influência, ou seja, quais Cidades estão subordinadas a cada centralidade classificada na pesquisa. No primeiro nível, encontram-se as regiões de influência das 15 Metrópoles, identificadas no Mapa 1.
Hierarquia dos centros urbanos
Seguindo as categorias adotadas na versão anterior da Regic (REGIÕES..., 2008), as Cidades foram classificadas em cinco grandes níveis com subdivisões internas. São eles:
Metrópoles
São os 15 principais centros urbanos, dos quais todas as Cidades existentes no País recebem influência direta, seja de uma ou mais Metrópoles simultaneamente.
A região de influência dessas centralidades é ampla e cobre toda a extensão territorial do País, com áreas de sobreposição em determinados contatos. As Metrópoles se subdividem em três níveis:
a) Grande Metrópole Nacional – o Arranjo Populacional de São Paulo/SP ocupa, isoladamente, a posição de maior hierarquia urbana do País, concentrando em seu Arranjo Populacional 21,5 milhões de habitantes em 2018 e 17,7% do Produto Interno Bruto – PIB nacional em 2016;
b) Metrópole Nacional – os Arranjos Populacionais de Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ ocupam a segunda colocação hierárquica, também com forte presença nacional. O Arranjo Populacional de Brasília/DF contava, em 2018, com 3,9 milhões de habitantes, enquanto o do Rio de Janeiro/RJ somava 12,7 milhões na mesma data; e
c) Metrópole – os Arranjos Populacionais de Belém/ PA, Belo Horizonte/MG, Campinas/SP, Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Porto Alegre/RS, Recife/PE, Salvador/BA, Vitória/ES e o Município de Manaus (AM) são as 12 Cidades identificadas como Metrópoles. São formadas por nove Capitais que receberam classificação 1 na centralidade de gestão do território mais Belém (PA), Campinas (SP) e Manaus (AM) que, embora estejam na classe 2, contam com contingente populacional relevante, superior a 2 milhões de habitantes. A média populacional das Metrópoles é de 3 milhões de habitantes, sendo, a mais populosa, Belo Horizonte (MG) com 5,2 milhões e, as menos populosas, Florianópolis (SC) e Vitória (ES), com respectivamente 1,0 milhão e 1,8 milhão de pessoas residentes em seus Arranjos Populacionais em 2018. Campinas (SP) é a única Cidade que não é Capital Estadual a ser classificada como Metrópole.
Capitais Regionais
São os centros urbanos com alta concentração de atividades de gestão, mas com alcance menor em termos de região de influência em comparação com as Metrópoles. Ao todo, 97 Cidades foram classificadas como Capitais Regionais em todo o País, com três subdivisões:
a) Capital Regional A – composta por nove Cidades, em geral Capitais Estaduais das Regiões Nordeste e Centro-Oeste com exceção do Arranjo Populacional de Ribeirão Preto/SP. Apresentam contingente populacional próximo entre si, variando de 800 mil a 1,4 milhão de habitantes em 2018. Todas se relacionam diretamente a Metrópoles;
b) Capital Regional B – reúne 24 Cidades, geralmente, centralidades de referência no interior dos Estados, exceto pelas Capitais Estaduais Palmas (TO) e Porto Velho (RO). Caracterizam-se por possuírem, em média, 530 mil habitantes, apenas com o Arranjo Populacional de São José dos Campos/SP em um patamar populacional superior (1,6 milhão de habitantes em 2018). São numerosas na Região Sul, onde se localizam 10 das 24 Capitais Regionais dessa categoria; e
c) Capital Regional C – possui 64 Cidades, dentre elas três Capitais Estaduais: os Municípios de Boa Vista (RR), Rio Branco (AC) e o Arranjo Populacional de Macapá/AP, todas pertencentes à Região Norte. As demais Cidades localizam-se, principalmente, na Região Sudeste, onde 30 das 64 Capitais Regionais C se encontram. A média nacional de população das Cidades dessa categoria é de 300 mil habitantes em 2018, sendo maior na Região Sudeste (360 mil) e menor na Região Sul (200 mil).
Centros Sub-Regionais
Neste terceiro nível hierárquico, as 352 Cidades possuem atividades de gestão menos complexas (todas são nível 3 na classificação de gestão do território), com áreas de influência de menor extensão que as das Capitais Regionais. São também Cidades de menor porte populacional, com média nacional de 85 mil habitantes, maiores na Região Sudeste (100 mil) e menores nas Regiões Sul e Centro-Oeste (75 mil). Este nível divide-se em dois grupos:
a) Centro Sub-Regional A – composto por 96 Cidades presentes em maior número nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste, e média populacional de 120 mil habitantes; e
b) Centro Sub-Regional B – formado por 256 Cidades com grande participação das Regiões Sudeste e Nordeste, apresenta média nacional de 70 mil habitantes, maiores no Sudeste (85 mil) e menores no Sul (55 mil).
Centros de Zona
As Cidades classificadas no quarto nível da hierarquia urbana caracterizam-se por menores níveis de atividades de gestão, polarizando um número inferior de Cidades vizinhas em virtude da atração direta da população por comércio e serviços baseada nas relações de proximidade. São 398 Cidades com média populacional de 30 mil habitantes, subdivididas em dois conjuntos:
a) Centro de Zona A – formado por 147 Cidades com cerca de 40 mil pessoas, mais populosas na Região Norte (média de 60 mil habitantes) e menos populosas nas Regiões Sul e Centro-Oeste (ambas com média de pouco mais de 30 mil pessoas). Em termos de gestão do território, foram classificadas, em sua maioria, nos níveis 3 e 4; e
b) Centro de Zona B – este subnível soma 251 Cidades, todas classificadas nos níveis 4 e 5 de gestão territorial. São de menor porte populacional que os Centros de Zona A (média inferior a 25 mil habitantes), igualmente mais populosas na Região Norte (35 mil, em média) e menos populosas na Região Sul (onde perfazem 15 mil habitantes). Os Centros de Zona B são mais numerosos na Região Nordeste, onde localizam-se 100 das 251 Cidades nesta classificação.
Centros Locais
O último nível hierárquico define-se pelas Cidades que exercem influência restrita aos seus próprios limites territoriais, podendo atrair alguma população moradora de outras Cidades para temas específicos, mas não sendo destino principal de nenhuma outra Cidade. Simultaneamente, os Centros Locais apresentam fraca centralidade em suas atividades empresariais e de gestão pública, geralmente tendo outros centros urbanos de maior hierarquia como referência para atividades cotidianas de compras e serviços de sua população, bem como acesso a atividades do poder público e dinâmica empresarial. São a maioria das Cidades do País, totalizando 4 037 centros urbanos – o equivalente a 82,4% das unidades urbanas analisadas na presente pesquisa. A média populacional dos Centros Locais é de apenas 12,5 mil habitantes, com maiores médias na Região Norte (quase 20 mil habitantes) e menores na Região Sul (7,5 mil pessoas em 2018). Essa diferença regional das médias demo- gráficas repete o padrão apresentado pelos Centros de Zona, inclusive tendo também a Região Nordeste com o maior número Cidades neste nível hierárquico.
Analisando o perfil regional de cada nível hierárquico, a maior parte das Metrópoles encontra-se na Região Sudeste, bem como os dois níveis seguintes (Ca- pitais Regionais e Centros Sub-Regionais), conforme se apresenta na Tabela 1. Essa concentração ocorre tendo em vista que a Região Sudeste sedia grande parte das funções de gestão do País, bem como porção substancial da renda nacional. Essa renda, estando distribuída em diversas Cidades presentes na Região Sudeste, propicia a existência de mercados de nível intermediário para atender ao grande número de consumidores com renda mais elevada.
Tabela 1 - Distribuição regional dos cinco níveis de hierarquia urbana, segundo as Grandes Regiões - 2018
Grandes Regiões |
Distribuição regional dos cinco níveis de hierarquia urbana |
|||||||||
Metrópole |
Capital Regional |
Centro Sub-Regional |
Centro de Zona |
Centro Local |
||||||
Cidades |
Nível hierár- quico (%) |
Cidades |
Nível hierár- quico (%) |
Cidades |
Nível hierár- quico (%) |
Cidades |
Nível hierár- quico (%) |
Cidades |
Nível hierár- quico (%) |
|
Brasil |
15 |
100,0 |
97 |
100,0 |
352 |
100,0 |
398 |
100,0 |
4 037 |
100,0 |
Norte |
2 |
13,3 |
11 |
11,3 |
27 |
7,7 |
21 |
5,3 |
373 |
9,2 |
Nordeste |
3 |
20,0 |
21 |
21,7 |
88 |
25,0 |
135 |
33,9 |
1 436 |
35,6 |
Sudeste |
5 |
33,3 |
38 |
39,2 |
120 |
34,1 |
107 |
26,9 |
1 074 |
26,6 |
Sul |
3 |
20,0 |
21 |
21,7 |
83 |
23,6 |
90 |
22,6 |
819 |
20,3 |
Centro-Oeste |
2 |
13,3 |
6 |
6,2 |
34 |
9,7 |
45 |
11,3 |
335 |
8,3 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2018.
Já os Centros de Zona e Centros Locais são mais numerosos na Região Nordeste, evidenciando a preponderância das relações de proximidade na organização da rede urbana dessa Região. A média da renda gerada tem níveis inferiores às da Região Sul e Sudeste e a viabilidade de manutenção de mercados intermediários é reduzida, devido ao menor poder de compra dos consumidores.
Regiões de influência
No nível mais alto da hierarquia urbana encontram-se as 15 Metrópoles com suas respectivas regiões de influência, representadas no Mapa 1 com linhas de cores distintas, conectando as Cidades pertencentes a cada uma das redes urbanas. Há áreas de intersecção nas quais as Cidades recebem influência, simultaneamente, de duas ou mais Metrópoles, representadas por ligações tracejadas com as cores atribuídas a cada uma das Metrópoles. A rede da Grande Metrópole Nacional, São Paulo, é a que concentra a maior população do País e a maior renda. São 49 milhões de habitantes em 2018 e mais de R$ 2 trilhões anuais de PIB, o que corresponde a 23,6% da população e 33,3% da renda total do País. Como se verifica na Tabela 2, que traz dados sobre a dimensão das redes de primeiro nível no Território Nacional, a rede urbana de São Paulo alcança 679 Cidades, sobretudo Centros Sub-Regionais, mas também o maior número de Capitais Regionais brasileiras localizadas, principalmente, no interior do Estado de São Paulo. O alcance da influência direta de São Paulo ultrapassa o próprio Estado, atingindo Mato Grosso do Sul, algumas Cidades do norte paranaense, parte do sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro, onde divide influência com Belo Horizonte. Mesmo com extensão de 690 mil km2, a densidade demográfica da região de influência de São Paulo é a quarta maior dentre as redes de primeiro nível, com 72 hab./km2. Dada a alta concentração do PIB nacional na região, o valor do PIB per capita é o segundo maior do País, totalizando mais de R$ 42 mil anuais por habitante. O polo, ou seja, Arranjo Populacional de São Paulo/SP concentra pouco mais de metade da renda de toda a sua região de influência.
No nível das Metrópoles Nacionais, destaca-se a rede de Brasília, principalmente, por sua extensão que corresponde a mais de 20% do Território Nacional. Abrange 1,8 milhão km2, sendo a maior do País em área, com 277 Cidades pertencentes a 10 Estados. Sua amplitude é maior no sentido leste-oeste, abrangendo desde o oeste baiano a partir da rede da Capital Regional Barreiras (BA), na qual divide influência com a Metrópole de Salvador, até a rede da Capital Regional Rio Branco (AC), compreendendo entre uma e outra os Estados de Mato Grosso e Rondônia. Possui distribuição semelhante em número de Centros de Zona e Centros Sub-Regionais, localizados, principalmente, em Rondônia (como Ariquemes e Vilhena) e Mato Grosso (como o Arranjo Populacional de Barra do Garças/MT e o Município de Tangará da Serra). A inserção da influência de Brasília nesses Estados ocorre, principalmente, por conta da subordinação das Capitais Estaduais à Brasília, em virtude das relações de gestão pública que são responsáveis pelos vínculos predominantes de Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT). Por conta da grande extensão, a densidade demográfica da região de influência de Brasília é baixa, com menos de 7 hab./km². O PIB per capita é o terceiro maior do País dentre as redes de primeiro nível, somando quase R$ 40 mil anuais por habitante.
Tabela 2 - Dimensão das redes de primeiro nível - 2018
Redes de primeiro nível |
Dimensão |
|||||||||
Capitais Regionais |
Centros Sub-Regionais |
Centros de Zona |
Cidades |
População 2018 |
Área (km2) |
Densidade demográfica (habitantes/km²) |
PIB per capita (R$) |
PIB total (R$1 000) |
PIB Metrópole/ região de influência |
AP de São Paulo/SP |
26 |
77 |
51 |
679 |
49 295 747 |
688 624,1 |
71,6 |
42 373,50 |
2 088 833 313,00 |
52,95 |
AP de Brasília/DF |
8 |
25 |
24 |
277 |
11 649 359 |
1 753 408,9 |
6,6 |
39 251,94 |
457 259 929,00 |
53,89 |
AP do Rio de Janeiro/RJ |
5 |
11 |
3 |
63 |
17 296 239 |
48 796,4 |
354,5 |
37 156,08 |
642 660 440,00 |
75,70 |
AP de Belém/PA |
4 |
10 |
8 |
157 |
9 335 660 |
1 374 601,9 |
6,8 |
16 270,49 |
151 895 774,00 |
25,78 |
AP de Belo Horizonte/MG |
12 |
52 |
65 |
752 |
21 069 799 |
571 747,7 |
36,9 |
25 954,38 |
546 853 629,00 |
31,57 |
AP de Campinas/SP |
1 |
10 |
1 |
34 |
4 396 180 |
14 073,0 |
312,4 |
48 902,34 |
214 983 509,00 |
60,52 |
AP de Curitiba/PR |
5 |
30 |
32 |
373 |
11 654 092 |
210 851,5 |
55,3 |
35 143,78 |
409 568 832,00 |
35,49 |
AP de Florianópolis/SC |
10 |
16 |
27 |
265 |
7 138 738 |
96 954,4 |
73,6 |
36 348,80 |
259 484 525,00 |
14,05 |
AP de Fortaleza/CE |
5 |
34 |
58 |
630 |
20 109 664 |
764 171,9 |
26,3 |
13 561,33 |
272 713 836,00 |
29,93 |
AP de Goiânia/GO |
3 |
21 |
34 |
364 |
8 269 552 |
964 430,5 |
8,6 |
26 706,14 |
220 847 808,00 |
30,39 |
Manaus |
1 |
4 |
2 |
71 |
4 490 260 |
1 624 605,2 |
2,8 |
21 985,26 |
98 719 516,00 |
71,21 |
AP de Porto Alegre/RS |
6 |
39 |
37 |
417 |
11 293 956 |
266 877,9 |
42,3 |
36 069,72 |
407 369 834,00 |
38,97 |
AP do Recife/PE |
10 |
36 |
45 |
720 |
23 601 254 |
345 048,8 |
68,4 |
16 304,43 |
384 805 000,00 |
26,21 |
AP de Salvador/BA |
6 |
24 |
39 |
402 |
14 471 227 |
479 065,0 |
30,2 |
17 538,67 |
253 806 046,00 |
45,22 |
AP de Vitória/ES |
1 |
8 |
8 |
85 |
4 468 927 |
67 117,8 |
66,6 |
26 307,95 |
117 568 317,00 |
51,83 |
Fontes: 1. IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2018.
ESTIMATIVAS da população residente no Brasil e para as unidades da federação com data de referência em 1o de julho de 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html?edicao=22367&t=resultados. Acesso em: ago. 2019.
ÁREAS dos municípios 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura-territorial/15761-areas-dos-municipios.html?=&t=acesso-ao-produto. Acesso em: ago. 2019.
PRODUTO interno bruto dos municípios 2016. In: IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro, [2019]. tab. 5938. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: nov. 2019.
Nota: AP = Arranjo Populacional.
A rede da Metrópole do Rio de Janeiro chama a atenção pela elevada densidade demográfica, o que se explica em virtude de ser a segunda maior Cidade do País em termos de volume populacional, porém ocupando uma área territorial pouco significativa. Ocupa a segunda menor área de todas as Metrópoles (49 mil km²), com seu alcance mais restrito ao próprio Estado, adentrando em parte da Zona da Mata Mineira. Possui o segundo menor número de Cidades em sua rede no Brasil (63 centros urbanos). O fato de possuir uma área de influência exígua ao mesmo tempo em que possui o segundo maior PIB do País em termos absolutos, correspondendo a mais de R$ 640 bilhões anuais, permite defini-la como uma Cidade marcada muito mais pelo city-ness do que pelo town-ness, uma vez que o número de consumidores buscando bens e serviços diretamente é insuficiente para manter uma economia do tamanho que essa Metrópole possui. Dessa maneira, a principal razão da força econômica desse centro urbano, cuja região de influência detém pouco mais de 10% do PIB nacional, é explicada pela capacidade que suas atividades possuem de atuar em rede, criando ligações de longa distância com outras Metrópoles e centros urbanos em todo o Território Nacional. O Rio de Janeiro, com o porte urbano que tem, aparentemente, incompatível com o tamanho de sua rede urbana, faz com que haja uma significativa concentração de riquezas na Capital. Dentre as Metrópoles, é a que possui a maior relação do País, do PIB da Metrópole comparado com o do restante da região (75,7%).
A Metrópole de Belém se caracteriza pela ampla extensão, compreendendo 16,2% do Território Nacional. É a terceira rede mais extensa (após Brasília e Manaus), e abrange, sobretudo, os Estados do Pará e Amapá, com algumas Cidades próximas maranhenses e uma tocantinense. A rede de Belém apresenta uma baixa densidade demográfica, de quase 7 hab./km² (a terceira menor, equivalente à densidade apresentada pela região de influência de Brasília). A rede de Belém compreende 157 Cidades, em geral, formadas por Municípios com grande extensão territorial e sedes municipais acompanhando rodovias e hidrovias, exceto pela região do Salgado Paraense que é mais fragmentada territorialmente. Estrutura-se por três centralidades de nível Capital Regional – Marabá (PA), Santarém (PA) e
Macapá (AP) –, cada uma com sua própria rede, e uma Capital Regional, Castanhal (PA), com influência combinada e sobreposta à Metrópole de Belém devido à proximidade entre ambas. Redenção (PA), Altamira (PA) e Parauapebas (PA) destacam-se como Centros Sub-Regionais que começam a estruturar sua própria rede. Em termos de renda, a rede urbana da Metrópole de Belém apresenta o segundo menor valor do País, o que implica também no segundo menor PIB per capita dentre as redes de primeiro nível, com pouco mais de R$ 16 mil anuais por habitante.
A Metrópole de Belo Horizonte é a maior rede urbana do País em número de Cidades, sendo composta de 752 centros urbanos. Esse número pode ser decomposto em 12 Capitais Regionais, 52 Centros Sub-Regionais e 65 Centros de Zona, caracterizando uma rede complexa com diversos centros de hierarquia intermediária. Ocupa, essencialmente, o Estado de Minas Gerais, com inserções isoladas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás. Em termos populacionais e econômicos, corresponde à terceira maior rede, com pouco mais de 21 milhões de habitantes e um PIB de R$ 547 bilhões anuais. A rede de Belo Horizonte apresenta importantes Capitais Regionais, cada qual com sua rede própria. No norte mineiro, Montes Claros (MG) exerce uma atratividade significativa para toda a região, sendo a grande referência em termos de oferta de bens e serviços. Na região do Triângulo Mineiro, a oeste, Uberlândia (MG) apresenta também uma rede com importante complexidade interna, adentrando o Estado de Goiás e sendo um conhecido polo logístico de caráter nacional. Outra Cidade significativa é o Arranjo Populacional de Juiz de Fora/MG, Capital Regional da Zona da Mata Mineira, que atrai o Arranjo Populacional de Além Paraíba/MG – Sapucaia/RJ, o Arranjo Populacional de Ubá/MG e o Município de Muriaé (MG), todas elas Centros Sub-Regionais com sua própria área de influência sobre Centros de Zona e Centros Locais em suas redes.
O Arranjo Populacional de Campinas/SP é a única Cidade que não é Capital Estadual dentre as que com- põem o primeiro nível da hierarquia urbana. O ingresso de Campinas no grupo de Metrópoles se deve ao alto dinamismo empresarial existente tanto no núcleo quanto na área de influência, bem como ao porte demográfico, que ultrapassa os 2 milhões de habitantes. Localizada no interior do Estado de São Paulo, a menos de 100 km da Grande Metrópole Nacional, a rede de Campinas se estende para o norte e divide influência tanto com a Metrópole de São Paulo quanto com Belo Horizonte, conforme seu alcance se aproxima de Minas Gerais. Assim, caracteriza-se pela menor extensão territorial dentre as Metrópoles (apenas 14 mil km²), menor número de Cidades componentes de sua rede (apenas 34) e pela segunda mais alta densidade demográfica, comparável à do Rio de Janeiro, com 312 hab./km². A rede apresenta poucos níveis de encadeamento, truncada pelo próprio porte das Cidades atraídas que, em geral, já são Centros Sub-Regionais com dinamismo gerado pelas próprias atividades internas às Cidades, sem que haja um grande conjunto de Centros Locais a serem atraídos. Um exemplo disso é que a Capital Regional da região de influência de Campinas, que é o Arranjo Populacional de Americana – Santa Bárbara d’Oeste/SP, possui população elevada e produção industrial tão significativa que alçou à condição de Capital Regional sem ter nenhuma Cidade subordinada. A renda gerada pelas atividades econômicas existentes na região de influência de Campinas produziu o maior valor de PIB per capita dentre as Metrópoles, alcançando quase R$ 49 mil anuais por habitante.
A rede da Metrópole de Curitiba é a quarta colocada nacional em tamanho de sua economia, comum PIB de R$ 410 bilhões anuais. Abarca principalmente o total do Estado do Paraná, com penetração no Estado de Mato Grosso do Sul, onde subordina três centros urbanos, e no norte de Santa Catarina, incorporando em sua maioria Centros Locais ao longo de sua divisa. Uma característica dessa rede é o seu caráter relativamente equilibrado, se comportando à maneira clássica da teoria das localidades centrais: sua Metrópole atrai uma série de Centros Locais em seu entorno, com diversos centros de hierarquia intermediária em distâncias maiores, cada qual com suas redes próprias. No norte paranaense, há as Capitais Regionais B dos Arranjos Populacionais de Londrina/PR e Maringá/PR, respectivamente, atraindo os Centros Sub-Regionais de Arapongas (PR), Apucarana (PR), Cianorte (PR) e dos Arranjos Populacionais de Paranavaí/PR e Umuarama/PR, que, por sua vez, subordina Centros Locais. No oeste paranaense, a principal Capital Regional é o Arranjo Populacional de Cascavel/PR, cuja influência se estende por toda a região, chegando à Capital Regional C do Arranjo Populacional Internacional de Foz do Iguaçu/Brasil – Ciudad del Este/Paraguai. Ao sul do Estado, os Centros Sub-Regionais de Francisco Beltrão (PR) e do Arranjo Populacional de Pato Branco/PR tem um padrão um pouco diferente do restante dos centros urbanos do Estado, uma vez que não se subordinam a uma Capital Regional, mas diretamente à Metrópole, apesar de se encontrarem a uma grande distância. O fato de a rede de Curitiba apresentar uma forma mais clássica é sintomático de existir uma distribuição de renda menos desigual dentro do Estado, quando comparado ao padrão hiperconcentrado que caracteriza o restante do País.
A Metrópole de Florianópolis se insere em um contexto estadual específico, com diversas Capitais Regionais presentes em Santa Catarina para as quais convergem as ligações das Cidades de menor hierarquia e, a partir dessas Capitais Regionais, estabelece-se a influência de Florianópolis. Trata-se de uma rede bem-encadeada, composta por diversos níveis hierárquicos intermediários e Capitais Regionais com grande dinamismo econômico, fazendo com que a participação da renda produzida por Florianópolis perfaça apenas 14,1% do PIB produzido por toda sua região de influência. É a menor participação do núcleo dentre as redes urbanas de primeiro nível hierárquico, revelando uma melhor distribuição territorial da geração de riqueza entre as Cidades componentes da rede urbana. Destacam-se os Arranjos Populacionais de Chapecó/SC – polarizando grande parte do oeste catarinense com alcance até o noroeste do Rio Grande do Sul –, de Criciúma/SC no sudeste do Estado, de Joinville/SC no nordeste, de Blumenau/SC e o Arranjo Populacional de Itajaí – Balneário Camboriú/SC ao norte da Metrópole de Florianópolis. A região de influência de Florianópolis é pouco extensa em comparação com as demais, sendo a quarta menor com menos de 100 mil km².
A rede da Metrópole de Fortaleza se caracteriza por abarcar diversas Unidades da Federação, total e parcialmente, situando-se no Ceará, Piauí e Maranhão, chegando à parte do oeste pernambucano, Tocantins e Pará. É a quinta colocada em termos de área, com 765 mil km², e tem sob sua influência 630 Cidades, sendo duas Capitais Regionais A que também contém Capitais Estaduais, a saber os Arranjos Populacionais de São Luís/MA e de Teresina/PI. Está entre as Metrópoles com a menor relação do PIB da Capital quando comparado com o da região (29,9%). Constitui a rede com o menor PIB per capita do País, de apenas R$ 13 500 anuais. Subordina, diretamente, além das Capitais mencionadas, um grande número de Cidades do próprio Estado do Ceará, que também apresenta duas Capitais Regionais, uma de nível B (o Arranjo Populacional de Juazeiro do Norte/CE) e uma C (o Arranjo Populacional de Sobral/CE). A Capital do Piauí possui uma rede com elevado alcance espacial, se estendendo, além do próprio Estado, para o oeste e sul do Maranhão e adentrando em Pernambuco. É interessante observar uma significativa área de sobreposição com a influência de São Luís, situada nos Centros Sub-Regionais de Caxias (MA), Codó (MA) e Presidente Dutra (MA), situação que se deve ao fato de essa série de Cidades ficarem, razoavelmente, equidistantes destes dois centros de referência que possuem a mesma hierarquia. Essa dupla subordinação se forma em virtude de não haver dominância de um centro em relação ao outro, além de ser indício de os centros intermediários não apresentarem um conjunto de bens e serviços capazes de atender plenamente a população, que se vê obrigada ao deslocamento para as Capitais.
A região de influência de Goiânia apresenta grande extensão territorial (11,3% do Território Nacional), partindo do limite sul do Estado de Goiás com alcance sobre algumas Cidades do Triângulo Mineiro, seguindo ao norte até abranger quase completamente o Tocantins, com entradas no sudeste paraense e leste de Mato Grosso. Ao todo, são 364 Cidades, com destaque para a Capital Estadual Palmas (TO), que estrutura sua própria rede, a Capital Regional Araguaína (TO), no limite norte da rede de Goiânia e o Centro Sub-Regional do Arranjo Populacional de Barra do Garças/MT, onde divide influência com Cuiabá (MT) e, a partir dessa centralidade, atrai todo um conjunto de Cidades ao redor da Rodovia BR-158, no oeste mato-grossense. No sudeste paraense, a influência de Goiânia é exercida diretamente sobre o Centro Sub-Regional de Redenção (PA), bem como indiretamente, pela influência de Palmas (TO) sobre Cidades paraenses limítrofes ao Tocantins. Nessa região, Goiânia divide influência com Belém. Em termos de densidade demográfica, dada sua considerável extensão, a região de influência de Goiânia possui o quarto menor valor dentre as redes de primeiro nível, menos de 9 hab./km². A rede de Manaus destaca-se, ao observar o Mapa 1, pelas longas ligações convergindo, quase totalmente, para a sede de sua área de influência, atravessando o Estado do Amazonas. A média de distância das ligações presentes na rede urbana de Manaus não apenas é a maior apresentada pelas redes de primeiro nível, como soma mais que o dobro das distâncias médias da segunda maior colocada: são conexões de 316 km, em média, entre as Cidades da rede urbana de Manaus, enquanto a rede de Brasília, com a segunda maior distância média, apresenta 145 km. A região de influência de Manaus é marcada pela fraca existência de níveis intermediários, tendo apenas a rede da Capital Regional Boa Vista (RR) como nível intermediário capaz de polarizar uma rede própria. Além do pequeno número de Cidades (71 centros urbanos), em geral, formados por Municípios com grande extensão territorial e de comunicação em geral dada por via fluvial ou aérea, o montante populacional da rede de Manaus é comparável aos menores da rede de Metrópoles, equivalente aos de Vitória e Campinas, que ocupam áreas, respectivamente, 24 e 115 vezes menores que a da região de influência de Manaus. Como resultado, a rede de Manaus apresenta a menor densidade demográfica do País, com menos de 3 hab./ km². Em termos de PIB, a região de Manaus possui o menor valor dentre todas as redes de primeiro nível, não alcançando os R$ 100 bilhões anuais. O PIB per capita de R$ 22 mil anuais, apesar de inferior à média, não se encontra entre os de menor valor, sendo superior aos da rede de Fortaleza, Belém, Recife e Salvador.
A rede de Porto Alegre se caracteriza por uma importante centralidade da Capital dentro de seu Estado, mas também por um número expressivo de níveis hierárquicos intermediários. No total, a rede de Porto Alegre possui seis Capitais Regionais: as Capitais Regionais B do Arranjo Populacional de Caxias do Sul/RS e do Município de Passo Fundo (RS), acompanhadas pelas Capitais Regionais C dos Arranjos Populacionais de Lajeado/RS, Santa Cruz do Sul/RS, Santa Maria/RS e Pelotas/RS. Há ainda um número elevado de Centros Sub-Regionais (39 centros urbanos). A rede da Capital gaúcha apresenta uma série de Centros Sub-Regionais e mesmo Centros Locais que se reportam diretamente à Capital, ignorando as Cidades de centralidade intermediária. Essa situação é particularmente pronunciada na metade sul do Estado, caracterizada por uma densidade populacional mais baixa. Na porção norte, de maior fragmentação territorial dos Municípios, ainda há redes de Centros Locais subordinados a Centros Sub-Regionais. Contudo, estes últimos – como o Arranjo Populacional de Santo Ângelo/ RS e os Municípios de Santa Rosa (RS), Ijuí (RS) e Cruz Alta (RS) – se ligam a Porto Alegre contornando as Capitais Regionais mais próximas. A rede de Porto Alegre se restringe ao território do próprio Estado.
Recife caracteriza-se por ser uma das redes mais populosas – com 24 milhões de habitantes, é a segunda maior após a rede de São Paulo, totalizando 11,3% da população do País – e com grande número de Cidades – ao todo, 720 centros urbanos, segundo maior número após a rede de Belo Horizonte. Abrange uma profusão de centros de hierarquia intermediária, localizados desde o Estado do Rio Grande do Norte até Sergipe e a porção norte da Bahia, estendendo sua entrada a Cidades limítrofes do Estado do Ceará e Piauí, já no contato com a rede de Fortaleza. Os centros intermediários convergem a atração das Cidades próximas, conectando-se por sua vez a centros urbanos de maior hierarquia até a Metrópole de Recife. A atração direta de Recife restringe-se às Cidades próximas e às Capitais Regionais como os Arranjos Populacionais de Natal/RN, João Pessoa/PB, Aracaju/SE e Petrolina/PE – Juazeiro/BA e dos Municípios de Caruaru (PE) e Garanhuns (PE). Alguns Centros Sub-Regionais do interior de Pernambuco, cada um com suas redes bem-estabelecidas, também possuem ligação direta com Recife, tais como os Municípios de Serra Talhada (PE), Arcoverde (PE) e Salgueiro (PE). Nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe, os vínculos dos níveis intermediários se dão, em geral, para a própria Capital Estadual, e estas, em seguida, conectam-se com Recife. A rede apresenta, deste modo, encadeamento relativamente equilibrado entre níveis hierárquicos, o que se reflete na menor participação do núcleo da rede no PIB do conjunto da rede – Recife responde por pouco mais 1/4 do PIB de toda a sua região de influência. Apesar dessa distribuição menos concentrada, o PIB per capita da rede de Recife é o terceiro menor do País, com pouco mais de R$ 16 mil reais anuais por habitante, equivalente ao da rede de Belém.
A Metrópole de Salvador tem, em geral, valores medianos de seus indicadores. Composta de 402 Cidades, corresponde a uma população de pouco menos de 14,5 milhões de pessoas, em uma área de quase 480 mil km². Sua área não cobre todo o território do Estado da Bahia, uma vez que o oeste foi “capturado” pela rede de Brasília e o norte do Estado pela rede do Arranjo Populacional de Petrolina/PE – Juazeiro/BA, que pertence à rede de Recife. Entretanto, sua influência se estende além das divisas estaduais, a algumas Cidades de Minas Gerais, com centros urbanos fazendo parte das redes das Cidades de Teixeira de Freitas (BA) e Vitória da Conquista (BA). O PIB per capita é o quarto menor do País, correspondendo a R$ 17 500 anuais, sendo, razoavelmente, concentrado na Capital – a razão do PIB da Metrópole/região é de 45,2%.
A região de influência da Metrópole de Vitória, apresenta um alongamento no sentido norte-sul, abrangendo o Estado do Espírito Santo e parte do sul da Bahia, com algumas Cidades mineiras limítrofes. No sul da Bahia, divide influência com Salvador e, em Minas Gerais, chega a dividir influência com Belo Horizonte e Salvador simultaneamente, caso do Centro de Zona Nanuque (MG). A rede de Vitória apresenta a segunda área de menor extensão dentre as redes do País, maior apenas que a de Campinas, com população equivalente à dessa Metrópole e de Manaus. Soma 85 Cidades, com destaque para a Capital Regional Cachoeiro de Itapemirim (ES), Centros Sub-Regionais de Colatina (ES) e Teixeira de Freitas (BA), a partir do qual estende sua influência para a Bahia. Metade do PIB produzido pela região de influência de Vitória ocorre no Arranjo Populacional de Vitória/ES, distribuição similar às da rede de São Paulo e Brasília.
Ligações entre as Metrópoles
A rede urbana brasileira se caracteriza por centros urbanos de menor hierarquia se ligando a centros maiores até convergirem nas 15 Metrópoles, que são nós terminais da articulação reticular. Também existem ligações entre as Metrópoles que não estão representadas na rede final, mas que existem e são hierárquicas em sua forma. As conexões entre as Metrópoles representam o agregado das ligações entre as atividades que geram fluxo. Essas atividades, localizadas em um conjunto n de Cidades, podem envolver hierarquia, como a sede de uma instituição pública e suas agências, mas também podem ser uma ligação entre iguais ou mesmo de complementares. Isso faz com que a ligação entre as Cidades não sejam, a priori, hierárquicas, porém, o resultado agregado das ligações do conjunto de atividades no conjunto de Cidades, evidencia a existência de centros urbanos de maior importância, onde há concentração dos fluxos, sendo possível, a partir de seu mapeamento, estabelecer uma hierarquia entre as Cidades.
Como exemplo, um voo entre as Cidades de Brasília e São Paulo não é mais importante que um entre Natal e Belém do ponto de vista do prestador de serviço. A princípio não há hierarquia entre essas Cidades. Mas ao contabilizar o conjunto dos voos realizados em todas as Cidades, a enorme concentração desses fluxos na Metrópole paulista faz com que esse centro urbano desponte como nó principal da rede.
Dessas ligações entre as Metrópoles selecionou-se quatro exemplos, disponíveis no Mapa 2. As ligações de primeira ordem representam o dobro das de segunda ordem e o triplo das de terceira, de acordo com o indicador de intensidade para cada um dos temas (respectivamente, o nível de ligação de gestão pública, o nível de ligação de gestão empresarial, as passagens aéreas vendidas na ligação e a frequência das ligações rodoviárias e hidroviárias por transporte público). Esses quatro exemplos não tem o propósito de comparação estrita com os quatro exemplos de conexões entre Metrópoles de 2007, optou-se dessa vez por um critério mais homogêneo entre eles.
O primeiro exemplo são as ligações de gestão pública, predominantemente, destinadas à Brasília. A exceção é Campinas, que tem sua ligação principal de gestão pública com a Capital Estadual São Paulo e de terceira ordem para Brasília. Há uma ligação secundária de Vitória para o Rio de Janeiro. A principal ligação de gestão pública de Brasília também é o Rio de Janeiro.
O segundo exemplo são as ligações de gestão empresarial, polarizadas por São Paulo em todas as Metrópoles, o que reflete a concentração econômica do País naquela Metrópole. Ligações secundárias ocorrem partindo das Metrópoles para Brasília (vindas de Belém e Goiânia), para o Rio de Janeiro (partindo de Vitória) e para Porto Alegre e Curitiba, ambas partindo de Florianópolis – uma de primeira e outra de segunda ordem. São Paulo apresentou a ligação primária para o Rio de Janeiro e secundária para Brasília.
O terceiro exemplo são ligações aéreas, calculadas pelo montante de passagens vendidas tendo como origem e destino final cada uma das Metrópoles. O principal destino de todas as Metrópoles é São Paulo, com exceção de Campinas e da própria Metrópole paulistana, que têm o Rio de Janeiro como principal destino. O Rio de Janeiro também é o segundo maior destino de grande parte das demais Metrópoles. A única ligação secundária que não se dirige ao Rio de Janeiro é Manaus-Belém. Na terceira ordem, uma série de Metrópoles despontam como destino, tais como Brasília (importante hub nacional da aviação), Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Forma-se um eixo que atravessa as Regiões Norte e Nordeste, partindo de Manaus até Recife, por ligações de terceira ordem.
O quarto exemplo são as ligações rodoviárias e hidroviárias de transporte público coletivo, que não ocorrem, majoritariamente, entre as Metrópoles, mas entre estas e Cidades próximas. As exceções encontram-se onde há proximidade territorial entre as Metrópoles, como Brasília-Goiânia (ambas principal destino uma da outra), Curitiba-Florianópolis (principal ligação de Florianópolis e segunda de Curitiba), Campinas-São Paulo (principal ligação de Campinas e segunda maior de São Paulo) e Rio de Janeiro-São Paulo (segunda maior do Rio de Janeiro e sexta de São Paulo). Destaca-se, ainda, a ligação hidroviária entre Manaus e Belém.
[1]Os Arranjos Populacionais são recortes territoriais estabelecidos por estudo próprio, publicado pelo IBGE em 2016 (ARRANJOS..., 2016), e que consistem em agrupamentos de dois ou mais Municípios. A lista completa dos Arranjos Populacionais considerados para a elaboração da pesquisa Regic 2018 e a sua composição encontra-se no Anexo 4 desta publicação.